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Estado de Sergipe solicita R$ 22 milhões ao Governo Federal para ações de resposta ao desastre ambiental
18/10/2019 10:10 em Notícias

Por G1 SE

Por causa dos problemas causados pelas manchas de óleo, que desde o dia 24 de setembro avançam no Litoral do estado, o Departamento Estadual de Proteção e Defesa Civil da Secretaria de Estado da Inclusão Social (Depec/SEIT), encaminhou nesta quinta-feira (17) o Plano Detalhado de Resposta à Secretaria Nacional de Defesa Civil solicitando R$ 22 milhões para restabelecer a costa sergipana.

 

O dinheiro será aplicado para custear a limpeza, monitoramento, contenção e recolhimento do óleo nos municípios de Aracaju, Estância, Pirambu, Brejo Grande, Pacatuba, Itaporanga D' Ajuda e Barra dos Coqueiros, onde cerca de 320 mil pessoas foram afetadas diretamente pelo desastre.

 

“A partir da decretação de situação de emergência do Estado de Sergipe e do seu reconhecimento federal, abriu-se a janela para solicitação de recursos. Mas o envio de recursos pelo Governo Federal é imprescindível para que as ações sejam intensificadas”, afirma o cel. Alexandre José, diretor da Defesa Civil Estadual.

 

O documento [elaborado pela Administração Estadual do Meio Ambiente (Adema)], encaminhado pela Defesa Civil lembra que “toda a extensão do litoral de Sergipe está atingida por esta contaminação, se estendendo ainda para os estuários dos rios Sergipe, Vaza-Barris, Piauí, Real, Japaratuba, Parapuca e São Francisco, causando diversos impactos na fauna e flora marítima, bem como danos, prejuízos e impactos ambientais, sociais, comercias, etc...”.

 

Reforço da Contenção

 

 
As manchas chegaram ao Litoral de Sergipe pela Praia de Pirambu  — Foto: Adema/SEAs manchas chegaram ao Litoral de Sergipe pela Praia de Pirambu  — Foto: Adema/SE

As manchas chegaram ao Litoral de Sergipe pela Praia de Pirambu — Foto: Adema/SE

Na manhã desta quinta-feira (17), órgãos envolvidos no combate ao avanço das manchas de óleo no litoral sergipano elaboraram o relatório pedido pela Justiça Federal em Sergipe, nesta quarta-feira (16), para mostrar a eficácia das barreiras de contenção. Entre as medidas, está a instalação de mil metros de boias em locais que ainda estão sendo analisados como prioridade. Todas as 17 praias sergipanas foram afetadas e também apresentaram reaparecimento das manchas após serem limpas.

O material que deverá ser instalado em pontos estratégicos de Sergipe foi disponibilizado pela Petrobras. “A Petrobras disponibilizou mil metros de barreiras. Vamos verificar os locais que podem receber essas boias”, explicou o diretor-técnico da Adema, Romeu Boto.

Sobre a eficácia desse tipo de barreira, ele disse que os primeiros testes realizados no Bairro Coroa do Meio estão sendo classificados como positivos, apesar do conhecimento de que as barreiras utilizadas não são para essa substância, que ainda é desconhecida. “Essas boias foram planejadas para a contenção de um óleo conhecido. Esse óleo não é conhecido e estamos testando. Na Coroa do Meio, fizemos um teste e foi coletado 500 litros de óleo. Se isso será eficiente, a longo prazo, teremos que avaliar”, explicou Boto.

Um outro ponto discutido durante a reunião foi o risco da colocação de boias para a navegação nos rios do estado. “Sergipe possui cinco rios que são utilizados para navegação e pesca. A colocação de barreiras põe em risco a navegação e por isso, a Marinha está fazendo o acompanhamento”, explicou o capitão dos Portos em Sergipe, Guilherme Conti Padão.

De acordo com a última atualização do Ibama, foram atingidas 178 localidades dos nove estados nordestinos. Somente na capital sergipana, já foram recolhidas 231 toneladas da substância.

 
As manchas de óleo chegaram, nesta quinta-feira (17), no Povoado Castro, em Santa Luzia do Itanhy — Foto: Reprodução/TV SergipeAs manchas de óleo chegaram, nesta quinta-feira (17), no Povoado Castro, em Santa Luzia do Itanhy — Foto: Reprodução/TV Sergipe

As manchas de óleo chegaram, nesta quinta-feira (17), no Povoado Castro, em Santa Luzia do Itanhy — Foto: Reprodução/TV Sergipe

 

Novas manchas

 

As manchas de óleo que tomam o litoral sergipano desde o dia 24 de setembro chegaram, nesta quinta-feira (17), a uma área de manguezal no Povoado Crastro, em Santa Luzia do Itanhy, a 76 quilômetros de Aracaju.

O local, que ainda não está incluso na última atualização da lista do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), está sendo monitorado pela Secretaria do Meio Ambiente do município.

 
25 de setembro - Manchas de óleo são vistas em uma praia de Sergipe — Foto: Governo de Sergipe via AFP/Arquivo25 de setembro - Manchas de óleo são vistas em uma praia de Sergipe — Foto: Governo de Sergipe via AFP/Arquivo

25 de setembro - Manchas de óleo são vistas em uma praia de Sergipe — Foto: Governo de Sergipe via AFP/Arquivo

 

Análise das manchas

 

Nesta quarta-feira (16), o ministro do meio ambiente, Ricardo Salles, esteve no campus da Universidade Federal de Sergipe (UFS), no município de São Cristóvão (SE) onde se reuniu com o professor do Departamento de Química e coordenador do laboratório de Petróleo e Biomassa, Alberto Wisniewski Jr., responsável pela análise do óleo coletado nas praias do litoral sergipano.

"A opinião do que nós vimos aqui é a hipótese de que esse óleo dos barris tenha relação com o óleo encontrado nas diversas manchas encontradas no litoral. E que, portanto, dão mais um elemento para a investigação que está sendo muito bem feita pela Marinha do Brasil, sobre a origem desse fato que é o derramamento de óleo no litoral”, disse o ministro.

 

Suspensão da ação

 

A Justiça Federal em Sergipe determinou, na quarta-feira (16), a suspensão da ação do juiz Fabio Cordeiro de Lima que havia determinado o prazo de 48 horas para que a União implantasse barreiras de proteção em rios do estado, com o objetivo de impedir a entrada das manchas de óleo. A decisão se baseia em um pedido do Ministério Público Federal em Sergipe (MPF-SE).

Uma reunião entre órgãos ambientais ocorreu na manhã desta quinta-feira para comprovação da eficácia das barreiras na contenção das manchas. De acordo com a decisão judicial, um relatório deve ser enviado até às 18h desta quinta e a juíza Telma Maria Santos Machado deve proferir uma nova decisão em até 24 horas após a entrega do documento.

 

Situação de emergência

 

No dia 5 de outubro, o estado de Sergipe decretou situação de emergência, que foi reconhecida pelo governo federal nesta segunda-feira (14) e publicada nesta terça-feira (15) no Diário Oficial da União (DOU). Os municípios são: Aracaju, Barra dos Coqueiros, Brejo Grande, Estância, Itaporanga D`Ajuda, Pacatuba e Pirambu.

 
 Neste sábado (12) foram instalados 75 metros de boias absorventes por equipes da Adema no Rio Vaza-Barris, em Aracaju — Foto: Adema/Sergipe Neste sábado (12) foram instalados 75 metros de boias absorventes por equipes da Adema no Rio Vaza-Barris, em Aracaju — Foto: Adema/Sergipe

Neste sábado (12) foram instalados 75 metros de boias absorventes por equipes da Adema no Rio Vaza-Barris, em Aracaju — Foto: Adema/Sergipe

 

Instalação de Barreiras

 

No último sábado (12), o governo sergipano iniciou, em um dos rios, a instalação de barreiras alugadas pelo valor de quase R$ 7 mil por dia. A administração estadual esperava que a Petrobras pudesse enviar equipamento de proteção para conter a mancha, mas as barreiras de proteção não chegaram.

No mesmo dia, o juiz federal substituto Fábio Cordeiro de Lima, decidiu que o governo federal e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) implantassem, em até 48 horas, barreiras de proteção em cinco rios de Sergipe para impedir a entrada das manchas de óleo que afetam praias do Nordeste.

 

Polêmica sobre as barreiras

 

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que veio a Aracaju no dia 7 de outubro para avaliar a situação, afirmou, na segunda-feira (14) que iria cumprir a determinação da Justiça Federal e colocar as barreiras de contenção em rios de Sergipe, mas alegou que elas não seriam eficientes para conter as manchas de óleo. O Ibama seguiu a afirmação. Já o diretor-presidente da Administração Estadual do Meio Ambiente (Adema), Gilvan Dias, disse nesta terça-feira (15), que a escolha pelo material ocorreu com avaliação técnica e que a eficácia é comprovada.

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