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PREJUIZO: Seca mata gado na bacia leiteira de sergipe
Notícias
Publicado em 03/04/2017

A seca que atinge 30 dos 75 municípios sergipanos está testando a fé do sertanejo. Acostumado à escassez de água e de alimento, agora, ele acompanha a morte das poucas cabeças de gado que ainda possui. Nesses lugares, o rastro deixado pela longa estiagem tem levado os criadores ao desespero, já que até a palma, planta resistente às altas temperaturas do sertão e importante reserva alimentar para o gado, também está morrendo.

O G1 mostra, em uma série de reportagens, uma pequena amostra da realidade vivida na região - e as muitas saídas que encontra para conseguir sobreviver. Confira aqui as histórias, contadas em cada um dos nove estados do Nordeste brasileiro.

A Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro) estima que entre 8% e 10% do rebanho bovino do Alto Sertão, composto por cerca de 250 mil cabeças, tenha morrido com a seca por falta de água e alimento. Com o gado fraco, a produção da maior bacia leiteira do estado, que possuía uma média diária de 650 mil litros, trambém sofreu prejuízos e teve prejuízo  de 35% nos últimos seis meses.

A criadora Adalzina Santos, da Zona Rural de Porto da Folha (SE), já não sabe mais o que fazer para evitar tantos prejuízos. No final do ano passado, ela plantou três hectares de palma e não conseguiu colher nada por causa da seca.

“A palma está secando sem chuva, e a última plantação nem chegou a germinar. A gente não sabe mais o que fazer sem alimento para o gado. Há um ano, reduzi o rebanho de 22 para 16 cabeças de gado, e das 30 ovelhas, restam 20, justamente porque não tinha alimento. Ainda assim, cinco cabeças, entre vacas e ovelhas, morreram. A única esperança é a ajuda divina”, desabafa.

No Povoado Barra da Onça, em Poço Redondo (SE), Reilton da Silva Almeida cria vacas leiteiras há 35 anos, mas, segundo ele, esta é a pior seca que já atingiu a região. Sem alimentos, morreram cinco animais nos últimos 30 dias, de um rebanho de 55, e outros não devem resistir por muito tempo.

“O meu gado leiteiro sempre participava de torneios. Porém, neste ano não tive condição de inscrever os bichos, porque muitos nem leite têm. Estou com vacas que acabaram de parir, mas os bezerros tentam mamar e o leite não sai. Para ter uma ideia, uma vaca que dava 40 litros de leite está totalmente seca”, conta o criador Reilton.

Segundo ele, não há mais ração para os animais e o gado está muito abaixo do peso. “Não tenho mais ração, acabou tudo, e não estamos recebendo a ajuda do governo. É um estado de calamidade terrível, a gente não consegue vender o gado nem para o corte, porque está muito

“Como vamos sustentar os animais se não tem alimentação?”, questiona o agricultor Humberto Dinis dos Santos, líder comunitário do mesmo povoado, que assiste a tudo com o sentimento de impotência. Para não ter mais prejuízo, vendeu as 10 vacas leiteiras que tinha e ficou com a mesma quantidade de bois, porque, segundo ele, conseguem resistir à situação por mais tempo.

“Nem a palma está suportando o clima seco. Há seis anos, temos perdas consecutivas na safra do milho e do feijão. É uma situação muito triste. Não temos mais a quem recorrer. A nossa sorte está sendo a cana-de-açúcar moída que vem de Alagoas, mas também já está ficando escassa”, explica o líder comunitário.

Por: G1SE

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