O rompimento do teto da Mina 18 da Braskem em Maceió, na tarde deste domingo, comprometeu o equipamento que vinha sendo usado para monitorar o ritmo de afundamento do solo na área em questão. Até a manhã de domingo, o afundamento acumulado era de 2,35 metros em um intervalo de três semanas.
A mina estava sob risco de colapso desde o dia 28, o que não ocorreu até o momento -- segundo as autoridades, o que cedeu foi a parte superior, e não a cavidade como um todo.
De acordo com o comunicado enviado pela Braskem à Agência Nacional de Mineração (ANM), houve "perda de sinal" de um sensor DGNSS, sigla em inglês para Sistema Global de Navegação por Satélite Diferencial, que ficava no entorno da Mina 18. O sensor em questão era denominado "Mina20", por ficar próximo também a uma cavidade vizinha à mina que cedeu.
"No que se refere ao deslocamento vertical do terreno, informamos que os dados que estavam sendo utilizados para análise da velocidade não estão mais disponíveis desde as 14h42 de hoje (10/12/23), devido a perda de sinal do DGNSS Mina20, conforme já informado por contato por telefone", disse a Braskem.
Imagens aéreas feitas antes e depois do rompimento do teto da Mina 18 mostram que a água da Lagoa Mundaú avançou sobre a passagem de concreto onde o sensor estava localizado. Em sobrevoo na tarde de domingo pela região, o coordenador-geral da Defesa Civil de Maceió, Abelardo Nobre, já havia relatado que o sensor Mina20 "se perdeu".
De acordo com a Braskem, há ao todo 76 equipamentos DGNSS para fazer o monitoramento da região, onde a empresa operava 35 minas de extração de sal-gema.
No comunicado enviado no domingo para a ANM, que monitora desde 2019 o fechamento e a estabilização das minas da Braskem, a empresa informou que "os dados dos sensores DGNSS localizados próximos à área da ocorrência (Mina01, Mina04, Mina07 e M35) não apresentam, no momento, deslocamentos significativos". Segundo as autoridades, o rompimento detectado na tarde de domingo atinge uma área restrita à cavidade da Mina 18, sem afetar outras minas.
"Adicionalmente, a Braskem informa que um novo sensor DGNSS está preparado para ser instalado próximo à região do antigo sensor Mina20", informou a empresa.
Além do monitoramento via satélite, a Braskem também examinava as minas desativadas com sonares, para verificar seu estado. Desde pelo menos uma semana antes do alerta de colapso da Mina 18, no entanto, a empresa já não conseguia usar o sonar na cavidade em questão.
Segundo relatórios da Braskem, a Mina 18 havia sofrido uma deformação desde 2019 e adquiriu um contorno de "ampulheta", com duas cavidades separadas por uma passagem estreita. A cavidade superior, cujo teto se rompeu no domingo, foi monitorada com sonar pela última vez no dia 4 de novembro, sem apresentar alterações significativas.
Já a cavidade inferior, que tem maior volume, não foi examinada com sonar em novembro. Segundo a empresa, após a intensificação de atividade sísmica na região, a tubulação usada para levar o sonar até a cavidade ficou "aprisionada" no poço. Desde o dia 23 de novembro, a área no entorno da Mina 18 foi isolada com tapumes.